O interesse em criptoativos cresceu muito nos últimos anos. Esse ativo, que se quer era mencionado há poucos anos, tem ganhado espaço no mundo dos investimentos.
Os criptoativos cada vez mais tem sido aceitos no mercado financeiro, de modo que o número de investidores pessoas físicas que investem de nesse tipo de ativo saltou cerca de 22 vezes no Brasil nos últimos quatro anos. Comportamento similar ocorre em diversas regiões do mundo, só na América do Norte, estimasse que há cerca de 72 milhões de investidores.
De acordo com dados da Triple-A, existem aproximadamente 560 milhões de investidores de criptomoedas em todo o mundo. Alguns países têm uma proporção maior de sua população investindo em criptomoedas: os Emirados Árabes Unidos e Singapura, ambos com 25,3%, a Turquia com 19,3%, e a Argentina com 18,9%.
Recentemente, esse interesse também se expandiu entre investidores qualificados e institucionais. Cada vez mais fundos de investimentos focados em criptoativos têm surgido. Além disso, há ainda a busca por lançamento de ETFs específicos para criptoativos. No Brasil, por exemplo, os ETFs de bitcoin estão disponíveis desde 2021, conforme autorizado pela CVM.
Embora o Brasil tenha se antecipado nessa área, seu mercado de ativos ainda é relativamente pequeno quando comparado a mercados consolidados, como o dos Estados Unidos. Em janeiro de 2024, a SEC, equivalente à CVM no Brasil, aprovou os primeiros 11 ETFs de bitcoin (BTC) nos Estados Unidos. A aprovação desses ETFs gerou uma grande expectativa de valorização do BTC, pois tende a atrair investimentos significativos de grandes investidores institucionais.
Mas qual o motivo de tanto interesse pelas criptomoedas, em especial pelo Bitcoin?
Os criptoativos, especialmente o Bitcoin, emergiram como uma nova de investimento de renda variável, ou até mesmo, considerado por alguns como uma forma de reserva de valor. Esses ativos digitais utilizam a tecnologia blockchain para oferecer vantagens únicas:
Descentralização: Nenhuma autoridade central controla os criptoativos, o que reduz o risco de manipulação e aumenta a segurança das transações. Essa característica também promove uma maior transparência, já que todas as transações são registradas em blockchain, acessível a qualquer pessoa.
Escassez: O Bitcoin, por exemplo, possui um fornecimento máximo de 21 milhões de moedas, o que cria um senso de escassez. Essa limitação contribui para o aumento do valor ao longo do tempo, especialmente quando comparado a moedas fiduciárias, que podem ser emitidas de forma ilimitada por bancos centrais.
Portabilidade e Divisibilidade: Criptoativos podem ser transferidos facilmente de uma pessoa para outra em qualquer lugar do mundo. Além disso, eles podem ser divididos em unidades menores, permitindo que qualquer valor, por menor que seja, seja transacionado, o que facilita a realização de microtransações e o uso diário.
Proteção Contra a Inflação: Assim como os metais preciosos, o Bitcoin é visto como uma proteção eficaz contra a inflação, especialmente em economias onde as moedas locais sofrem constante desvalorização. Por possuir uma oferta limitada, ele tende a manter ou aumentar seu valor em comparação a moedas tradicionais.
Autocustódia: Os criptoativos permitem que você mantenha o controle total de seus ativos sem depender de terceiros, como bancos, corretoras ou governos. Essa facilidade de autocustódia elimina vários riscos associados ao sistema financeiro tradicional, como a falência de instituições financeiras ou até mesmo a intervenção governamental, garantindo maior autonomia e segurança para o investidor.
Como a Escassez de Criptoativos Impulsiona seu Valor
A restrição sobre a quantidade de emissão de uma moeda, como ocorre em muitos criptoativos, é um fator fundamental para tornar esse criptoativo “valioso”, uma vez que a escassez está para a “valorização”, do mesmo modo que o aumento da oferta (ou abundância) está para a “desvalorização”.
Poderíamos trabalhar esse raciocínio pela lei da oferta e demanda, ou pela ótica do ouro, que é um metal escasso, mas entendo que o melhor caminho para entendermos essa questão é observarmos o que acontece com as moedas fiduciárias, emitidas pelos governos, como o Real, Peso, Dólar entre outros.
Inflação, não perca seu poder de compra!
Na figura abaixo, pode-se observar o avança da base monetária corresponde ao passivo monetário do Banco Central, também conhecido como emissão primária de moeda (R$).
De acordo com o IBGE, o IPCA acumulado entre dezembro de 2013 e dezembro de 2023 foi de 79,16%. Isso significa que, na prática, o valor do Real (R$) caiu quase pela metade nesse período. O que você comprava com 100 reais em 2013, exigiria 179,16 reais em dezembro de 2023.
Na contramão da perda do poder de compra das moedas fiduciárias (moedas tradicionais emitidas por governos), as criptomoedas com fornecimento limitado, como o bitcoin, promove a escassez deste ativo, o que pode provocar um aumento de seu valor frente ao aumento da demanda por este ativo.
Nos últimos 10 anos, o bitcoin (BTC) saiu de aproximadamente 20 dólares em janeiro de 2013 para mais de 70.000 dólares em janeiro de 2024. Comportamento contrário à desvalorização das moedas fiduciárias, por exemplo, do Real (R$), conforme demonstrado acima.
Investir em criptomoedas?
O primeiro passo para começar a investir em criptomoedas é entender minimamente o que é esse ativo e como investir no mesmo de forma segura.
O Bitcoin, por mais que possa ser encarado como um ativo de reserva de valor, é um ativo que apresenta grande flutuação de preço, podendo ter desvalorizações na ordem de quase 40% em apenas 3 meses, como ocorreu entre novembro de 2021 e janeiro de 2022.
Por ser um ativo de renda variável, o ideal é que este seja apenas um dos ativos de uma carteira diversificada. Além disso, a velha visão de longo prazo para ativos de renda variável se aplica aqui.
No longo prazo, o BTC tem se mostrado um bom investimento. Nos últimos 20 anos, o BTC apresentou grande valorização, no entanto, enfrentou grandes altos e baixos neste caminho.
Caso queira saber como comprar criptomoedas, leia “O que são ativos de Reserva de Valor?”
Há alguns livros que podem ajudar nos estudos sobre esse ativo:
Bitcoin Para Leigos: Tradução 2ª Edição
Bitcoin: A moeda na era digital
The Bitcoin Standard: The Decentralized Alternative to Central Banking
A filosofia do Bitcoin. A evolução do sistema monetário e garantia de propriedade contra leis abusivas, estados autoritários e instabilidades econômicas.