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Copom aumenta Selic para 10,75%: O que esperar da economia brasileira

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil anunciou hoje, 18/09/2024, o aumento da taxa Selic para 10,75% ao ano, marcando a primeira alta desde agosto de 2022. Esse ajuste de 0,25 ponto percentual reflete uma política monetária mais contracionista, visando controlar a inflação e manter a estabilidade econômica.

Por que a Selic foi aumentada?

A decisão do Copom foi unânime e baseou-se em diversos fatores. O principal deles é o aumento das pressões inflacionárias no Brasil, impulsionadas por uma economia mais dinâmica do que o esperado. As expectativas de inflação para 2024 e 2025 também se desancoraram, ou seja, estão acima da meta definida pelo Banco Central.

Segundo o comunicado do Copom, a resiliência da atividade econômica, as pressões no mercado de trabalho e o hiato do produto positivo contribuíram para a decisão de adotar uma política monetária mais restritiva.

Como o aumento da Selic impacta a economia?

A Selic é a taxa básica de juros da economia, e serve como referência para os juros cobrados em empréstimos e financiamentos. Quando a Selic aumenta, o crédito se torna mais caro, o que pode desestimular o consumo e os investimentos. Por outro lado, a alta da Selic beneficia aplicações financeiras em renda fixa, como títulos do Tesouro, CDBs e LCIs.

Com o aumento dos juros, o custo de financiamento das empresas também aumenta, o que pode afetar suas margens de lucro. Isso pode desincentivar o investimento no mercado de ações, impactando o desempenho da Bolsa de Valores.

Reflexos no crédito ao consumidor

Para o consumidor, o aumento da Selic significa um encarecimento do crédito. Juros mais altos tornam financiamentos, como empréstimos pessoais, imobiliários e veículos, mais caros. Isso pode resultar em uma desaceleração no consumo, já que as famílias tendem a evitar dívidas em um cenário de juros altos.

Com menos consumo, a economia desacelera, o que, por sua vez, ajuda a conter a inflação. Esse é um dos principais objetivos do Banco Central ao adotar uma política monetária contracionista.

Impactos no mercado de investimentos

No mercado financeiro, o aumento da Selic também afeta diretamente a atratividade de investimentos. Com a taxa de juros mais alta, os investidores tendem a migrar para opções de renda fixa, que passam a oferecer uma rentabilidade maior. Investimentos em títulos públicos e CDBs, por exemplo, tornam-se mais atraentes em um cenário de juros elevados.

Por outro lado, o mercado de renda variável, como a Bolsa de Valores, pode sofrer com a diminuição do apetite dos investidores. A alta da Selic eleva o custo de capital das empresas, o que pode impactar seus resultados e, consequentemente, o valor de suas ações.

Selic alta e o impacto no dólar

O aumento da Selic também afeta o câmbio. Juros mais altos no Brasil tendem a atrair investimentos estrangeiros, o que pode fortalecer o real frente ao dólar. Isso porque, com uma taxa de juros mais elevada, títulos brasileiros se tornam mais atrativos para investidores estrangeiros em busca de maior rentabilidade.

No entanto, o cenário internacional também desempenha um papel importante nesse contexto. A política monetária dos Estados Unidos, por exemplo, influencia diretamente o comportamento do dólar no Brasil. Se o Federal Reserve, o banco central norte-americano, mantiver uma postura mais expansionista, com juros baixos, o real pode se valorizar ainda mais.

Perspectivas para o futuro

O Banco Central não sinalizou quando o ciclo de alta da Selic deve terminar. O Copom ressaltou que a magnitude dos ajustes futuros dependerá da evolução da inflação e das expectativas para o cenário econômico. Além disso, a política fiscal do governo federal será um fator crucial para definir os próximos passos da política monetária.

Especialistas acreditam que novas altas da Selic podem ocorrer nos próximos meses, especialmente se a inflação continuar acima da meta. Esse cenário de juros elevados pode se prolongar, impactando tanto o consumo quanto os investimentos no país.

Comparação com o cenário internacional

Enquanto o Brasil adota uma política de aumento de juros, os Estados Unidos seguem um caminho oposto. O Federal Reserve, também na data de hoje, reduziu a taxa de juros norte-americana em 0,50 ponto percentual, o que cria uma divergência nas políticas monetárias dos dois países. Essa diferença pode atrair mais investimentos estrangeiros para o Brasil, já que os títulos brasileiros oferecem uma rentabilidade maior.

No entanto, o cenário internacional ainda é incerto. A economia global enfrenta pressões inflacionárias e desafios geopolíticos, como a guerra na Ucrânia e as tensões comerciais entre as principais potências mundiais. Esses fatores podem influenciar diretamente o comportamento dos mercados emergentes, como o Brasil.

O papel da política fiscal

A política fiscal também desempenha um papel importante na definição dos rumos da economia brasileira. O Copom destacou que o cenário fiscal do país impacta diretamente a política monetária. Se o governo federal não adotar medidas para controlar a dívida pública e manter um orçamento equilibrado, isso pode desancorar as expectativas de inflação e pressionar ainda mais a Selic para cima.

Riscos e oportunidades no horizonte

Apesar das oportunidades trazidas pelo aumento da Selic, como a atração de capital estrangeiro, o Brasil enfrenta desafios significativos. O risco fiscal é uma preocupação constante para os investidores. Se o governo não adotar medidas eficazes para controlar o déficit fiscal, os prêmios de risco sobre os ativos brasileiros podem aumentar. Isso pode desencorajar o investimento estrangeiro e pressionar ainda mais a economia.

Conclusão

O aumento da Selic para 10,75% ao ano reflete o esforço do Banco Central em controlar a inflação e manter a estabilidade econômica. No entanto, essa política monetária mais restritiva traz desafios para o crédito ao consumidor e para o mercado de investimentos. O cenário fiscal do Brasil e as condições da economia global serão determinantes para os próximos passos da política monetária.

2 comentários em “Copom aumenta Selic para 10,75%: O que esperar da economia brasileira”

  1. Pingback: Análise do relatório Focus: Piora no cenário econômico - Dadosinvest.com

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